sábado, 26 de janeiro de 2013

Coisas não ditas


Quando a vida social falta e as redes sociais sobram na vida de uma pessoa, quase sempre essa pessoa costuma ficar imersa em um oceano de lembranças, e remonta os mais deploráveis momentos do qual já passou na frente do computador. A primeira vez que abriu uma revista adolescente foi logo na parte de como conquistar um garoto, era a última garota da sala que não havia beijado, então estava na hora daquilo mudar, nada como uma conselheira que nem sabe quem você é direito e não vai sair pelos cantos fofocando seus segredos.
“Se você é tímida...” foi esse o título do qual seus olhos saltaram para ler, “tente uma aproximação pela internet, ela pode servir de aliada em sua conquista”. Jogou a revista em um canto e ignorou aquele conselho, como raios chegaria no garoto? “Oi, tudo bem, então, eu te adicionei, o motivo é que eu gosto de você”, meio estranho né?
Meses depois, quando estava longe o suficiente da rotina e da vida que levava, se encheu de coragem e cansada de ouvir qualquer zoação com relação a sua vida amorosa (ou a falta da mesma), tratou de pedir os contatos do rapaz por uma rede social já extinta, ele se prontificou a responder e ela respondeu novamente, rápido demais, desesperada demais, bateu a cabeça na mesa do computador se punindo de tamanha afobação.
A amiga riu, mas ainda sim continuou encorajando-a, a garota por sua vez já estava se sentindo uma completa idiota, continuou conversando mais um pouco, ele se despediu e ela apagou os recados que havia deixado anteriormente, tarde demais, metade da escola já havia lido e algumas fuxiqueiras já queriam saber se os dois estavam ficando, maldita mania das pessoas de se meterem na vida dos outros assim, tão escancaradamente.
Depois de tanto tempo, depois de tantas conversas, resolveu desistir daquela coisa toda sobre conquista, o conselho da revista não serviu para nada, ou até ajudou um pouco com a coragem, mas não ajudou a consumar o fato, um namoro, uma simples ficada. A garota desistiu daquela bobeira toda, colocou em sua cabeça que no momento certo, o rapaz certo iria aparecer, talvez até alguns esforços fossem necessários, mas não tantos assim, não desse jeito, hoje em dia ela segue sua vida, às vezes lembrando e se sentiu uma idiota pelas conversas que tinha com o rapaz, algumas não tão inocentes assim, mas passou, passou e os anos não apagaram, pelo menos ensinaram a garota a crescer um pouco e ver que ele não era o tal “príncipe” e que isso tudo de “se divertir com os errados enquanto o certo não aparece”, o certo nunca iria aparecer.


Fernanda Costa

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