quinta-feira, 28 de maio de 2015

Dissolver e recompor - pronto, passou!


Ainda lembro de quando todos os dias eram nublados, meu humor dos piores e qualquer fresta do sol que ousava passar pela janela era rapidamente vedada. Lembro dos intermináveis conselhos que todos me davam e do quanto eu odiava ouvir dizer que o sentimento tempestuoso que habitava em mim passaria, eu não queria deixá-lo passar, meu orgulho não deixava. 
Depois de muito murro em ponta de faca, várias noites chorando sem dormir, acordei um dia com as minhas orações atendidas, por mais que eu pedisse para Deus que me trouxesse você de volta, no final de todas elas, eu entoava "mas se ele não for o certo, tire isso de mim", e tirou. O "pronto, passou!" que todas as mães dizem pós soprar o machucado, agora fazia sentido, muito mais do que quando eu era criança e me ralava inteira.
Eu que sempre fui dramática, resolvi que era hora de parar de sofrer, colei os cacos e voltei a ter um coração, agora com vidros blindados. Apesar de tudo, não desejo o mal de ninguém, espero que esteja bem, mesmo longe, mesmo não sendo 'meu', até porque nunca foi. 
Finalmente me sinto livre, para ser minha, para não ouvir minha consciência gritando o seu nome que antes me paralisava e agora não me causa nada, nem ao menos raiva, ciúme, nada. É hora de fazer besteiras vez ou outra, a vida é uma só e eu demorei muito para me dar conta disso. 
Assumo meus erros e meus defeitos, mas como já dizia minha mãe e todo o clichê do universo: "não era para ser", e eu lutei, fiz o que pude, briguei com quem não pude e não me arrependo de nada, eu gostava da instabilidade que o seu amor, ou a falta dele, me trazia, apesar de você insistir em dizer que eu ainda nem sabia o que era amor, sabia sim, sempre soube, mas apostei minhas fichas na pessoa errada.
          Agora deixo o sol entrar, faço uma faxina pra dissolver e recompor, até o infortúnios tem o seu valor, por tanto a gratidão jorra pela fonte do meu coração...
Boas coisas você me deixou, além de um enorme aprendizado, estragou algumas músicas que eu gostava, mas tudo bem, de uma forma ou de outra, jamais posso negar para mim mesma que fizeste parte da minha vida, mesmo sendo talvez a pior parte até agora.
Já me disseram para guardar os bons momentos, esquecer os ruins, mas ainda assim abafar todos os "bons", apenas para não ter perigo de uma recaída. Porém, depois de tantas recaídas, aprendi a me levantar, quem cai sete, levanta oito, já dizia Tiago Iorc e Cartola nunca deixou de me alertar sobre o cinismo que eu herdaria desse amor. Mas o mundo é um moinho, mesmo com toda minha atenção, me deixei levar, agora não mais. Dissolvido, recomposto e passado, és o que sobrou de você em mim, nada.


This is the last time and I don't give this heart of mine. 

Fernanda Costa

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