Quando eu tinha uns dez anos, lá na quarta série, a professora deu três imagens e falou que devíamos escrever uma estória para aquelas imagens, ótimo, como eu iria conseguir fazer isso? Aquela mulher estava louca, só podia, não faria sentido nada do que eu fosse escrever. Respirei fundo e comecei alguns rabiscos naquela folha de papel com um título em letras garrafais bem grande "Rascunho". Naquela época não havia um horário certinho, então podíamos passar a manhã toda na mesma atividade, foram algumas tantas horas até que PRONTO, um estalo na minha cabeça fez com que eu colocasse no papel toda a minha ideia.
Aquela altura do campeonato, a sala toda já havia entregado a sua redação, se é que dava para chamar as miseras cinco linhas que todos haviam escrito de redação.
A professora ficava me olhando e eu sempre pedindo para ela esperar mais um pouco, e mais um pouco, até que eu finalmente acabei aquela redação, uma das meninas que se achava A escritora olhou para minha folha frente e verso no maior pouco caso e disse o quão exagerada eu havia sido, mas não era para soltar a imaginação? Foi isso que eu fiz, ué.
Confesso ter me sentido mal com o que ela falou, já que ela sempre tirava dez nas redações e eu lá, empacada no nove e oito. Mas fui lá na cara e coragem e entreguei a folha, a professora apenas olhou aquilo, sorriu, conferiu se meu nome estava onde deveria estar e guardou a folha na caderneta.
Uma semana depois ela chegou dizendo que havia corrigido todas as redações, ótimo, eu devia ter tirado mais um oito, ela disse que iria ler a melhor redação, mas não dava para saber de quem era, ela estava tampando a folha com a caderneta atrás.
Assim que ela começou a ler tive certeza, ERA A MINHA! A melhor redação da sala! Ela terminou de ler falando meu nome e aplaudindo, aquilo nunca saiu da minha cabeça e não vai sair tão cedo.
Vocês provavelmente devem estar pensando qual o motivo de eu ter escrito isso do nada, certo? Bom, até hoje eu não perdi essa mania de escrever, agora escrevo muito mais do que escrevia antes. Outro dia vi que só estavam considerando como "autora" alguém que já tem um livro publicado, eu não tenho Moving On como livro publicado, não ainda, e tipo isso sempre me deixa triste, eu nunca ser considerada uma autora/escritora, mas então me lembrei disso, e da menina que basicamente faltou dizer que eu não estava apta nem para assinar meu nome, minha redação além da nota dez foi elogiada, lida para a sala e com uma observação enorme da professora, coisa que a redação da tal garota nunca teve, lembrar disso foi quase que um "hey, eles ainda vão ver o teu potencial".
Meu nome é Fernanda Costa, tenho 16 anos e nasci para escrever sobre tudo e qualquer coisa, e espero ansiosamente pelo dia em que todos disseram que eu não era uma autora de verdade, irem comprar meus livros.
E VOCÊ? O QUE CONTARIA DA SUA VIDA?
Fernanda Costa
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