sábado, 10 de novembro de 2012

A velha mania do amar demais - Parte II


Estava deitada, olhando para o teto, o tic-tac irritante do relógio anunciando que naquele momento eu acabava de perder mais um pouco da minha vida, um tempo do qual eu deveria estar vivendo, mas estava desperdiçando com um vazio rondando minha mente.
Peguei minha bolsa, coloquei meus óculos escuros e resolvi ir até o bosque, fazia tanto tempo que havia ido, lembro-me da última vez em que estava lá embaixo de uma árvore, ouvindo Amy Winehouse enquanto observava o meu garoto dos olhos azuis, ainda lembro-me do seu perfume de quando nos esbarramos, fui embora sem saber o seu nome, por muitas vezes me recordava daquele momento, imaginando o que poderia ter feito e não fiz, maldita timidez, maldita mania de deixar as coisas arquitetadas apenas nos pensamentos. Passei noites acordada imaginando uma personalidade para ele, como se fosse apenas mais um dos meus personagens de algum conto britânico.
Cheguei ao bosque sentando-me embaixo da mesma árvore, me imaginei longe daquele lugar, meu pensamento me levou até Londres, dentro da London Eye com o meu garoto, as coisas poderiam ser bem mais simples e minha imaginação poderia ser menos fértil.
Levantei indo embora, estava observando algumas crianças quando trombei com alguém e minha bolsa caiu.
- Ei! Não olha por onde anda? - repreendi me abaixando para juntar minhas coisas, ergui meus olhos que borbulhavam raiva, nossos olhares se cruzaram, era ele.
- Desculpa, não foi minha intenção...
- Não foi nada, desculpe minha grosseria.
Sai correndo sem nem ao menos olhar para trás, eu estava destinada a nunca saber o nome dele, e ele estava destinado a morar em minha imaginação.

Fernanda Costa

Um comentário:

  1. Que blog fofo *-*
    Que lindo a forma como você escreve. Adorei o seu cantinho, já segui aqui e voltarei mais vezes. Beijão linda.

    www.detalhesamor.blogspot.com / @keithpappen

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